Veja, cá, seu moço
Que há coisas de aviar
Tecer com cada palavra
A teia do entendimento
Sem retalho, sem remendo
Pras idéia clariá
Boto cada palavra
Sem fazendo de rogado
Num sô dotô istudado
Vivo das terras, da lavra
Da labuta nas caatinga
Que é mais braba que as braba
Meu ofício não é nobre
Mas meu andar é honesto
E se me carece cobre
E é muito pobre meu fardo
Sempre ensino os meninos
Que seja sempre humilde
Mas nunca seje humilhado
Num é que me aconteceu
De lá nas bandas do Peixe
Onde a água nunca falta
Por mais que o sole sapeque
E que a madeira deite
Tem havido uns boato
De gente que é inxirido
Que não tem o que fazer
E de tanto os outros olhar
Ficam os seus esquecido
Que anda sumindo coisa
Banana, mandioca, milho
aipim, cabra e batata
E até mesmo novilho
E que a culpa da sumição
Vinha das precisão
Porque passa os meus menino
Ora, diz se isso num reta
Um cabra igualzin eu
Que se for pra brigar, mata
Se for pra ir pra guerra, adeus
Mas que nunca, nunquinha
Ia aceitar um roubo
De minhas mãos ou dos meus
Pois Deus é misericórdia
E só te dá um tanto fardo
Que caiba no lombo teu
Nenhum comentário:
Postar um comentário