terça-feira, 26 de outubro de 2010


Imprimi aquelas nossas fotos
Para guardá-las na caixa.
Aquela caixa que lhe falei, onde guardo
Minhas 100 cartas de amor
Umas 6 que contém ódio
E duas de rancor
Aquela caixa de fatos insólitos
Dos tempos loucos da minha juventude
Em que eu ardia nas praças
Esperando uma velhice cálida

Eis-me velho
E ainda louco

Mas descobri, atônito,
Que não posso guardá-la
Na minha caixa
Lá está o passado
Distante, de outro século,

Então resolvi guardar-lher
Proteger do frio, da chuva,
(Queria proteger do mundo, mas não fui feito anjo da guarda
Fui feito gente, fraca)

Mas não numa caixa, dentro de um guarda-roupa,
onde habitam o escuro, aranhas, pó

E você não é feita desse pó
Mas de outro
Do pó de Apolo, deus da sabedoria, e, certamente
Das artistas meigas das linhas e das palavras

Então, comprei-lhe uma caixa de vidro
E quando eu tiver uma casa
(Nem precisa ser casa, basta que eu tenha uma parede)
Vou pôr à vista de todos
E dizer, orgulhoso, que faz parte de meu presente!

terça-feira, 5 de outubro de 2010