ai, viver enche-me de tédio
viver é um rolar tão sem sentido
que a simples sensação de estar vivo
só aparece quando falta remédio
mas que mistério é esse de morrer?
então quase morrer é sentir-se vivo?
pra quê ouvir da Morte o agudo silvo
como pré-requisito pra saber viver?
não, viver enche-me de cansaço
o sensacional é tedioso
e nunca o insuportável é radioso
a dor não é prazer e este é asco
mas lembrai-vos, já disse o poeta
"preferiram os delicados morrerem"
mas não viam sentido em padecerem
e de dor em dor, a morte é certa
mas vivo, o que mais me intriga
é que mesmo sem razão nesa batalha
não busco no morrer o que me valha
e sem saber porquê, amar a vida
Uibaí, 15 de abril de 2009
terça-feira, 23 de junho de 2009
Eu não sei se quero isso mesmo
não sei se é isso mesmo e espero
e me vem de mim mesmo um pejo
por te amar tanto quando não te quero
Então te quero como se te amasse
mas não te amo, em bom dizer te quero
e nesse confusão me desespero
a própria dúvida me enrubece a face
E tranlado o amor à carne
e o desejo me invade o peito
e a carne fez com que se separe
o amor do querer e não tem jeito
A vida é assim, janelas abrindo
portas cerrando, pois viver é um esteio
e essa teia disforme que se vai urdindo
aprisiona e cismo meu ser por inteiro
Uibaí, 15 de abril de 2009
*
Não, não me aviem uma vida
rotina, amor, decência, moral
não reprimam em mim o animal
pois esse em mim nã se civiliza
não, não me botem a camisa
por dentro da minha calça
não vou apregoar essa farsa
ela de mim não precisa
ela já tem até deus
e seus papas, santos, anjos
já tem o poder e só banzo
ela causa aos olhos meus
deixem que eu prossiga
assim não serei tão fútil
seguir os outros me é inútil
por mais certo que seja e me diga
não, não quero, vou não
que essa comédia cai-me mal
decência, amor, rotina, moral
é esforço feito em vão
Flávio Dantas Martins
Uibaí, 16 de abril de 2009
não sei se é isso mesmo e espero
e me vem de mim mesmo um pejo
por te amar tanto quando não te quero
Então te quero como se te amasse
mas não te amo, em bom dizer te quero
e nesse confusão me desespero
a própria dúvida me enrubece a face
E tranlado o amor à carne
e o desejo me invade o peito
e a carne fez com que se separe
o amor do querer e não tem jeito
A vida é assim, janelas abrindo
portas cerrando, pois viver é um esteio
e essa teia disforme que se vai urdindo
aprisiona e cismo meu ser por inteiro
Uibaí, 15 de abril de 2009
*
Não, não me aviem uma vida
rotina, amor, decência, moral
não reprimam em mim o animal
pois esse em mim nã se civiliza
não, não me botem a camisa
por dentro da minha calça
não vou apregoar essa farsa
ela de mim não precisa
ela já tem até deus
e seus papas, santos, anjos
já tem o poder e só banzo
ela causa aos olhos meus
deixem que eu prossiga
assim não serei tão fútil
seguir os outros me é inútil
por mais certo que seja e me diga
não, não quero, vou não
que essa comédia cai-me mal
decência, amor, rotina, moral
é esforço feito em vão
Flávio Dantas Martins
Uibaí, 16 de abril de 2009
quinta-feira, 18 de junho de 2009
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Nas calçadas, habita o lodo
que, sim, é sujo
causa asco, fastio
espanta o apetite
entretanto
é nas calçadas que o mundo caminha
enquanto ele é sonhado dentro dos quartos cobertos de gesso
enquanto ele não passa de especulação ao som de canções
ou em frente de sofás
nas calçadas, o mundo é de uma crueldade e injustiça
de um sadismo
de um perigo
de uma ferocidade
ele é todo tempestade
ao mesmo tempo: enredo sem trilha
é nas calçadas que o mundo acontece de todo
e não em falsos pedaços servidos frios
Uibaí, 2 de abril de 2009
que, sim, é sujo
causa asco, fastio
espanta o apetite
entretanto
é nas calçadas que o mundo caminha
enquanto ele é sonhado dentro dos quartos cobertos de gesso
enquanto ele não passa de especulação ao som de canções
ou em frente de sofás
nas calçadas, o mundo é de uma crueldade e injustiça
de um sadismo
de um perigo
de uma ferocidade
ele é todo tempestade
ao mesmo tempo: enredo sem trilha
é nas calçadas que o mundo acontece de todo
e não em falsos pedaços servidos frios
Uibaí, 2 de abril de 2009
Triste, bebo até o fim
do gole de aguardente
sinto-me sujo e doente
e me apiedo de mim
sinto os olhos censores
das velhas aposentadas
que de igrejas frequentadas
criam por Deus amores
mas sinto-as cheias de dores
de sua vida pecadora
que retumbava outrora
mas feneceram como flores
e elas tem até Deus
e eu, que não creio e sinto
um vazio por dentro e desminto
bebendo feliz com os meus
é fácil em condenar
mas elas se esqueceram
que remédios por inteiro
há vários a se usar
e a maior droga não é
nem de longe o meu alcool
ele é droga, de fato
mas nem se compara a fé
e da fé, eu sou o filho
mais infame e rejeitado
dela fui deserdado
mas, vivo, sigo meus trilhos
do amor, fui combalido
de Deus, desacreditado
e quem vê o meu estado
pensa olhar para um vencido
mas enganam-se e penso
que mesmo em corpo caído
meu espírito soerguido
preserva a alma de bardo
um bardo que não tem versos
que não preserva esperança
e feneceu a criança
que trazia em si, imerso
não, não bebo por prazer
bebo pra acalmar a alma
cessar essa dor que malha
bebo para a esquecer
mas é um esforç0 inútil
pois, devorante, a vida
volta toda empedernida
e reabre o tédio mútuo
que eu sinto pela vida
e que a vida me sente
e quem me pensa doente
advinha-me a ferida
mas não, não é física
a chaga que eu carrego
está aberto no meu ego
nem é cancer, nem tísica
o meu mal não é beber
e não poder mais livrar-me
o problema é um charme
que a vida não me apresenta
e se não encho de vinho
o vazio que me preenche
esse fantasma indecente
me pertuba, sozinho
é por isso que bebo, pois
viver é adoecer de tédio
e beber é um remédio
com o codo, estou a dois
pois ele não me exige fé
nem crenças de ordem alguma
e bebum não tenho alcunha
e a dor do mundo não me é
a dor que me tortura
é ver ungida toda a cara
de sangue, dor canalha
e nunca saber da ternura
Uibaí, 11 de abril de 2009
do gole de aguardente
sinto-me sujo e doente
e me apiedo de mim
sinto os olhos censores
das velhas aposentadas
que de igrejas frequentadas
criam por Deus amores
mas sinto-as cheias de dores
de sua vida pecadora
que retumbava outrora
mas feneceram como flores
e elas tem até Deus
e eu, que não creio e sinto
um vazio por dentro e desminto
bebendo feliz com os meus
é fácil em condenar
mas elas se esqueceram
que remédios por inteiro
há vários a se usar
e a maior droga não é
nem de longe o meu alcool
ele é droga, de fato
mas nem se compara a fé
e da fé, eu sou o filho
mais infame e rejeitado
dela fui deserdado
mas, vivo, sigo meus trilhos
do amor, fui combalido
de Deus, desacreditado
e quem vê o meu estado
pensa olhar para um vencido
mas enganam-se e penso
que mesmo em corpo caído
meu espírito soerguido
preserva a alma de bardo
um bardo que não tem versos
que não preserva esperança
e feneceu a criança
que trazia em si, imerso
não, não bebo por prazer
bebo pra acalmar a alma
cessar essa dor que malha
bebo para a esquecer
mas é um esforç0 inútil
pois, devorante, a vida
volta toda empedernida
e reabre o tédio mútuo
que eu sinto pela vida
e que a vida me sente
e quem me pensa doente
advinha-me a ferida
mas não, não é física
a chaga que eu carrego
está aberto no meu ego
nem é cancer, nem tísica
o meu mal não é beber
e não poder mais livrar-me
o problema é um charme
que a vida não me apresenta
e se não encho de vinho
o vazio que me preenche
esse fantasma indecente
me pertuba, sozinho
é por isso que bebo, pois
viver é adoecer de tédio
e beber é um remédio
com o codo, estou a dois
pois ele não me exige fé
nem crenças de ordem alguma
e bebum não tenho alcunha
e a dor do mundo não me é
a dor que me tortura
é ver ungida toda a cara
de sangue, dor canalha
e nunca saber da ternura
Uibaí, 11 de abril de 2009
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