sábado, 26 de março de 2011

Mortos vivos


é meu hábito advinhar o passado
o vislumbro entre vestígios mortos
e ouço, supreptício, gritos de vivos
o passado é meu ofício

tento pensar no presente, no futuro
uma casa, um chiqueiro de cabras
uma metropole, jornais, um furo
mas não fui feito pra isso
tenho a memória de vício

assento as bases do livro
que não redijo, somo as notas da conta
que não pago, batizo os muitos filhos
que não registro
não é possível esperar nas janelas de edifícios

Nenhum comentário:

Postar um comentário