Imprimi aquelas nossas fotos
Para guardá-las na caixa.
Aquela caixa que lhe falei, onde guardo
Minhas 100 cartas de amor
Umas 6 que contém ódio
E duas de rancor
Aquela caixa de fatos insólitos
Dos tempos loucos da minha juventude
Em que eu ardia nas praças
Esperando uma velhice cálida
Eis-me velho
E ainda louco
Mas descobri, atônito,
Que não posso guardá-la
Na minha caixa
Lá está o passado
Distante, de outro século,
Então resolvi guardar-lher
Proteger do frio, da chuva,
(Queria proteger do mundo, mas não fui feito anjo da guarda
Fui feito gente, fraca)
Mas não numa caixa, dentro de um guarda-roupa,
onde habitam o escuro, aranhas, pó
E você não é feita desse pó
Mas de outro
Do pó de Apolo, deus da sabedoria, e, certamente
Das artistas meigas das linhas e das palavras
Então, comprei-lhe uma caixa de vidro
E quando eu tiver uma casa
(Nem precisa ser casa, basta que eu tenha uma parede)
Vou pôr à vista de todos
E dizer, orgulhoso, que faz parte de meu presente!
meu melhor presente de aniversário!
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