sábado, 28 de fevereiro de 2009

pode remendar os buracos dos tiros
pode estancar o sangue vivo e vermelho
pode apagar meu nome, meu endereço
e lançar bombas de nêutrons na minha rua
pode colar adesivos na minha boca
incinerar a voz de todos os meus poemas
lançar meu único presente pela janela
disseminar a amnésia pela cidade
e tomar todas, consumir todas as drogas
querendo, em vão, ver o passado
desintegrado em meio a fumaça
mas o passado é presente
como propaganda sobre o natal na tv
como estrela em noite desnublada
como o inevitável diante do destino estático
como a sina suicida assassinada
pode rasgar o meu desenho no teu corpo
- pele, hemoglobina e pedaços misturando-se –
e decorar todos os termos científicos
mas vai restar inda meu rosto no seu rosto
e nosso fogo, e nossa brasa, e nossa cinza

Uibaí, 11-05-04

Nenhum comentário:

Postar um comentário